Quando quem você se tornou não cabe mais no que você faz.

Esta semana, tive uma conversa que não pareceu uma "reunião". Começou como qualquer troca profissional - apresentações educadas, um pouco de contexto, algumas frases sobre nossas experiências. Mas quase imediatamente, a conversa tomou uma direção que nenhum de nós planejou.

Começamos a falar sobre identidade, propósito, espiritualidade... e como tudo isso molda silenciosamente a trajetória de nossas carreiras.

Percebi algo poderoso naquele momento: Nossa carreira está sempre nos dando sinais sobre nosso desconforto perante a vida, e muitas vezes dizendo a verdade sobre nossa vida espiritual, mesmo quando nós não percebemos.

Não me refiro à espiritualidade como dogma, religião, ritual ou conceitos memorizados. Refiro-me à espiritualidade como algo muito mais íntimo: o lugar dentro de você que pergunta "Por que estou aqui? Qual é a minha verdadeira missão?".

É o sinal interno que lhe diz quando você está desalinhado, o desconforto que cresce quando você escolhe a segurança em vez da verdade, e o alívio silencioso que vem quando você finalmente honra quem está se tornando.

A Coragem de Escutar

Enquanto conversávamos, esse líder compartilhou algo que pareceu profundamente sincero. Ele tem perguntado - não ao mundo, não ao seu currículo, não ao seu condicionamento - mas a Deus: "Quem Tu dizes que eu sou?"

Ele me disse que três palavras vieram a ele em uma de suas conversas com Deus: conector, encorajador, edificador.

Simples, mas profundo.

Essas palavras não vieram da ambição ou da estratégia. Vieram da escuta, da honestidade e da entrega e elas tocaram uma verdade que vejo em toda parte no meu trabalho: Nós sofremos quando nossa carreira não reflete mais quem estamos nos tornando.

Ouvindo-o, lembrei-me do meu próprio caminho. Anos atrás, eu abri mão de títulos corporativos, uma rotina estruturada, um salário claro. Eu tinha a experiência e as credenciais. Mas algo dentro de mim insistia: Isto está alinhado ao seu propósito e sua missão de vida?

Quando o Desalinhamento se Torna uma Gaiola

Havia um chamado mais profundo, que exigia coragem e um olhar sem filtros para os padrões emocionais que me seguravam. Toda vez que eu tentava dar um passo à frente no meu próprio projeto, meus sabotadores internos se levantavam - as dúvidas, os medos, as vozes sussurrando "Você não. Agora não. Você não é grande o suficiente."

Mas o crescimento exige verdade. Eventualmente, entendi que o caminho não era apenas sobre me tornar uma empreendedora, era sobre me tornar mais quem eu realmente sou. Passei anos estudando isso na psicologia, neurociência e sabedoria espiritual. Aprendi por que pessoas brilhantes se sabotam e por que profissionais de alto desempenho colapsam internamente.

E cheguei a uma conclusão: Propósito não é algo que buscamos. Propósito é algo que sentimos, percebemos que já existe dentro de nós.

E o que acontece quando a identidade que Deus sussurra para você não cabe mais na identidade profissional que o mundo espera de você? Essa tensão é o que quebra tantas pessoas fortes. Isso cria depressão, confusão e uma insatisfação que o sucesso não pode resolver. Porque uma carreira sem alinhamento torna-se uma gaiola.

Durante nossa conversa, uma coisa ficou comigo: muitas vezes não buscamos conquistas, mas sim um significado por trás da missão.

E também ficou claro que algumas conversas não são coincidências; são tarefas. Tarefas para refletir, para expandir e para questionar o caminho em que estamos.

Então, deixo vocês com a pergunta que ficou comigo depois que terminamos a chamada:

Que identidade dentro de você está pedindo espaço? Que parte de você sabe que seu maior tesouro ainda está por ser descoberto dentro de si?

Nosso chamado nunca desaparece. Nossa identidade pedirá para ser honrada — não importa quanto tempo a ignoremos. Nossa espiritualidade está sempre nos lembrando do nosso mais profundo propósito.

Valéria Ritis

Criadora do método I-Avatars™ | Mentora em Autoconhecimento e Integração Emocional | Ajudo profissionais e pessoas a desbloquearem clareza, poder pessoal e decisões estratégicas por meio de uma transformação interior.

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